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(Foto: Ilustrativa/Reprodução) |
O Digníssimo Juiz de Direito da Vara Única da Comarca de Catanduvas, no último dia 22 de julho condenou à pena de um ano de detenção a médica Sheila Ruth Voltolini pela prática de homicídio culposo em face da vítima Carlos Kunz.
O caso ocorreu em 2017 no Hospital Municipal Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na cidade de Catanduvas.
Na decisão condenatória proferida pelo DD. Juiz, este destacou que ficou comprovado que a médica agiu com negligência, ignorando a situação clínica da vítima, omitindo-se ao fato de que havia prescrito para Carlos um medicamento potencialmente alérgico com a possibilidade de ocorrência de um choque anafilático tardio e, consequentemente, deixando de tratar o paciente com medicamentos que tivessem efeito efetivo. Além disso, o juiz menciona que restou evidente que a médica “não quis dar o braço a torcer” e admitir que seu diagnóstico inicial estava errado.
De acordo com o Douto Magistrado, “Ao analisar o conjunto probatório dos autos, tenho que restou absolutamente clara a existência de uma sucessão de falhas no atendimento do paciente Carlos Kunz na unidade hospitalar de Catanduvas. Primeiramente, pela falta de avaliação correta da situação do paciente, que além de apresentar “faringite”, diagnosticada por volta das 10h, começou, após a aplicação de penicilina, apresentar quadro pior com o decorrer dos minutos, principalmente pela queixa, frequente e visível, de dificuldade respiratória. Em seguida, a acusada se negou, pelo menos três vezes, em realizar a transferência do paciente, apesar de, aparentemente, não saber a atitude adequada a tomar, pois os medicamentos prescritos e aplicados não surtiram efetivo efeito, além de não ter utilizado a substância recomendada pela literatura médica para casos tais, e que estava disponível no hospital (adrenalina). Ademais, a acusada não buscou uma segunda opinião ou a tentativa de comunicação com o plantão médico da emergência de Joaçaba para a possibilidade de transferência, mesmo diante da insistência dos familiares, deixando-o, em precaríssimas condições, à própria sorte.”
A advogada, Fernanda Luane Zampieri Ascolli, que atuou como assistente de acusação no processo, representando a família de Carlos Kunz, relatou à reportagem: “Travamos uma grande batalha durante toda a instrução processual. Foram ouvidas testemunhas em sete Comarcas, sendo que seus depoimentos contribuíram sobremaneira para comprovar a sucessão de erros cometidos pela médica no dia dos fatos. Além disso, foram acostados aos autos dois laudos médicos elaborados por profissionais diferentes, ambos atestando a ocorrência de erro médico. A sentença veio confirmar todo ocorrido no dia, trazendo alento para a família, com a comprovação de que a médica agiu de maneira negligente, deixando de dispensar à vítima o atendimento adequado e merecido a ponto de comprometer sua própria vida”
Relembre o caso:
Em 25/07/2017 o empresário Carlos Kunz, então com 33 anos de idade, procurou atendimento médico no hospital municipal de Catanduvas no período da manhã, em decorrência de uma dor de garganta. Na ocasião, foi atendido pela médica de plantão, Dra. Sheila Ruth Voltolini, que o diagnosticou com faringite e prescreveu uma injeção de benzetacil.
No período da tarde, por volta das 13h15min Carlos compareceu ao hospital para aplicação da injeção, sendo liberado na sequência.
Por volta das 15h30min Carlos retornou ao hospital, trazido por um amigo da família, apresentando grave piora no seu quadro de saúde, com falta de ar intensa, dispineia e taquicardia. A médica, porém, continuou tratando o paciente apenas para uma faringite, ignorando a evolução do quadro.
Com a chegada dos familiares ao hospital, percebendo a gravidade da situação da vítima e a negligência no tratamento dispensado pela médica, estes solicitaram, por três vezes, a transferência de Carlos para o HUST em Joaçaba, o que foi negado pela médica. Diante disso, os familiares levaram Carlos em carro próprio até o HUST, onde, cerca de 40 minutos depois ele veio a óbito, diagnosticado com um choque anafilático, possivelmente pela benzetacil aplicada.
Fonte: Assessoria