(Foto: Arquivo Pessoal) |
Francielly Wickert e o esposo Ederson Wickert saíram de casa na manhã do dia 4 de maio com os gêmeos Miguel Antônio e Maria Helena Wickert, de 1 ano e 6 meses, para ir ao hospital de Saudades, no Oeste de Santa Catarina, fazer exames de rotina.
Depois, o destino seria a escola infantil Pró-Infância Aquarela, o alvo do ataque de um jovem de 18 anos que resultou na morte de cinco pessoas, entre elas três crianças.
Por coincidência ou força divina, a mãe conta que uma série de imprevistos atrasou o horário de chegada a escola. “Primeiro eu esqueci a carteira de saúde deles e tive que voltar em casa buscar e depois atrasou o atendimento para os exames”, lembra a mãe.
Os exames foram finalizados por volta das 8h30, mas apesar do horário avançado os pais resolveram levar os gêmeos até a creche. Quando chegaram e foram até a sala de aula dos filhos perceberam que as cortinas estavam fechadas e as crianças deitadas nos colchonetes.
A sala era a mesma que mais tarde foi atacada pelo jovem e onde quatro crianças foram feridas, três delas indo a óbito.
“Era hora do soninho e eles estavam escutando música de ninar na televisão. Fiquei com dó de atrapalhar e não batemos na porta”, conta Francielly.
Mesmo assim o pai dos gêmeos sugeriu chamar uma professora para deixar as crianças na creche. Foi então que Francielly, que trabalha em uma panificadora na cidade de Pinhalzinho, lembrou que estava de folga naquele dia e resolveu levar os filhos para casa.
“Geralmente a minha folga é aos domingos, mas nessa semana meu chefe resolveu me dar folga na terça-feira. Então, achei melhor levar eles para casa comigo”.
A notícia da tragédia
Pouco mais de uma hora depois, Francielly estava em casa com os gêmeos e o filho mais velho, Anthony, de 6 anos e meio, quando o esposo ligou contando que a escola havia sido atacada. Imediatamente Francielly foi até a creche e ao chegar o que viu foi uma cena de filme de terror.
(Foto: Imprensa do Povo/ND Divulgação) |
“Foi desesperador. Todo mundo chorando, uma movimentação de polícia e ambulância. Uma das professoras veio me abraçar e disse que a gente tinha muita sorte, porque o que tinha acontecido era na turma que os meus filhos frequentavam”, relata.
Francielly lembra que naquele momento foi como se perdesse o chão sob seus pés e o coração ficou em pedaços. “Não conseguimos entender o que leva uma pessoa a fazer isso, ainda mais com crianças tão pequenas que não entendem o que aconteceu”, comenta.
Incertezas e medo
Três dias após a tragédia, Francielly e o esposo dividem-se entre gratidão e alegria por ter os filhos bem e a tristeza pela perda das outras famílias. “Não existem palavras capazes de expressar o que a cidade toda está sentindo. É terrível”.
A família afirma que o sentimento agora é de medo e incerteza. Os pais ainda não sabem se tornarão a deixar os filhos na creche, que permanece fechada. A mãe afirma que os profissionais são excelentes, assim como o atendimento com as crianças.
“A Mirla trabalhava na sala dos meus filhos, sempre foi muito atenciosa e carinhosa com eles. Era uma ótima pessoa. Mas a gente fica com medo de que aconteça novamente, temos receio de que essa atitude dele tenha dado coragem para que outras pessoas façam o mesmo. Ainda não sabemos o que faremos. Por enquanto, eles estão sob os cuidados da avó”, acrescenta Francielly.
(Foto:Arquivo Pessoal) |
Maria Helena e Miguel perderam três colegas de turma na tragédia. Sarah Luiza Mahle Sehn, 1 ano e 7 meses, Anna Bela Fernandes de Barros, 1 ano e 8 meses, e Murilo Massing, 1 ano e 9 meses, assim como a professora Keli Adriane Aniecevski, 30 anos, e a agente educativa Mirla Amanda Renner Costa, 20 anos, foram mortos a golpes de uma espada estilo ninja.
Fonte: ND Mais
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